sexta-feira, 20 de maio de 2011

Apresentações: do blog e do conceito de alteridade

Olá, pessoal! Como podem ver no perfil ali do lado, quem escreverá os posts desse blog serão seis alunos da Faculdade de Psicologia da PUCRS: Lívia, Wagner, Natália, William, João e Laís. O blog é o trabalho final da cadeira de Psicologia Social II, mas na verdade, não é só isso. O objetivo aqui é por em pauta conceitos que permeiam nossas vidas, como o de Alteridade, que será o tema nesse semestre. É abordar, discutir, questionar aspectos da realidade que nos interessam, ou nos inquietam. E quando dizemos “nós” não nos referimos somente a nós seis. Nos referimos também a você, a cada um que for ler e participar desse blog, pois os pensamentos que surgirão aqui não são só de um ou só de outro: são de todos nós. E só puderam ser construídos à medida que nenhum de nós existe isoladamente.

            E é a partir disso que, agora, podemos introduzir a idéia de Alteridade. Tenhamos como base o conceito de relação: normalmente, se pensa que para haver uma relação são necessárias no mínimo duas pessoas. Mas será que a relação não está dentro do próprio ser que se relaciona? Em um exemplo simples, se digo “Joana” isso não necessariamente implica em uma relação, mas se digo que “Joana é a mais nova de três irmãs” isso implica em uma relação onde, no mínimo, cinco pessoas estão presentes: Joana, suas duas irmãs, o pai e a mãe delas três. Mas essa relação está na Joana, como também está em cada uma de suas irmãs, como está na mãe e no pai. Ao mesmo tempo, cada um deles necessita do outro, porque seres em relação são “relativos”, incompletos, abertos, em constante mudança. Ou seja, não são “absolutos”.

            Agora, vamos pensar nas três concepções de ser humano trazidas por Guareschi (cap. 7 do livro “Representando a alteridade”, 2002, organizadora Ângela Arruda). A primeira pensa o ser humano como um “indivíduo”, isolado, o único responsável por seus sucessos ou fracassos. Na segunda, tem-se o ser humano como parte de um todo, ou “peça de uma máquina”. Prevalece, assim, a organização maior, a massificação, enquanto que cada pessoa passa a significar apenas mais um número. Chegamos então na terceira, que é a que nos interessa agora: o ser humano não pode ser visto como um ser “isolado”, mas também não é apenas “uma peça da máquina”. A pessoa está sempre em relação, como mencionado anteriormente. Assim, cada pessoa é uma unidade, mas não pode existir sem os outros.

            Com isso, trazemos um trecho do texto do Guareschi que relaciona essas idéias de forma bem clara:
            “[...] nós somos o resultado de milhões de relações que estabelecemos no decorrer de nossa existência. Somos como que um ancoradouro para onde chegam milhões de naus. Algumas apenas se aproximam de nós. Outras chegam até nós, deixam conosco alguns de seus bens. Outras penetram nosso ser, passam a morar conosco, quase que se identificam com o nosso ser. E nós vamos nos construindo, quais seres humanos, como resultado desses milhares de relações que estabelecemos cotidianamente.”

            Alteridade é, então, perceber essas relações, é ter a si mesmo como um ser humano-relação e, ao mesmo tempo, perceber o outro também como um ser humano-relação. Mas como isso aparece no dia-a-dia?

            Toda vez que conhecemos alguém e passamos a conviver com essa pessoa, nos tornamos pessoas diferentes do que éramos antes de conhecê-la. E, na verdade, isso não necessariamente precisa acontecer entre duas pessoas: muitas vezes, ouvimos uma música, ou assistimos a um filme, e essa música ou esse filme nos fazem sentir algo diferente, mudam nossa forma de pensar, nos marcam de alguma maneira. Somos frequentemente expostos a situações que nos geram essas reações, ou seja, nos geram alteridade.

            Por exemplo, para mim, que escrevo agora, um filme que gerou alteridade foi “Diamante de Sangue”, que estreou no Brasil em 2007. Lembro que havia feito um trabalho sobre a Serra Leoa naquele ano, pesquisei sobre os conflitos, então saí do filme ainda mais tocada pela história. Sentia uma inquietude horrível, e ao mesmo tempo, a impotência quanto a situação, não só na Serra Leoa mas tudo isso que vemos por aí todos os dias. O filme me fez pensar mais no assunto, refletir, mudar alguns pensamentos.

            Mas é importante ressaltar que nem tudo que gera alteridade em mim vai gerar em ti, e vice-versa. Somos todos singulares, e como tal, “no processo de estabelecimento de milhões de relações, cada um se apropria diferentemente de partes diversas do fenômeno ou da realidade com a qual entra em contato” (GUARESCHI, 2002).

            Então, para terminar, quero convidar quem leu até aqui a pensar em situações, pessoas, filmes, músicas que te geraram alteridade, e que hoje, na tua opinião, fazem parte da pessoa que tu és de alguma maneira. Escreve o que pensou, tuas reflexões ou questionamentos sobre o post, e divide conosco ali nos comentários!

Agradecemos muito para todos que lerem e participarem de alguma forma!
Abraços!!