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No final da noite de domingo no dia 5 de junho, o lenhador Gilson da Silva chegou a sua casa no bairro de Vera Cruz, em Gravataí, e encontrou a porta arrombada. Deu falta de uma marreta, de um machado, de uma motosserra, e logo ouviu barulho: era a vizinhança, em torno de 20 pessoas, que traziam o ladrão que contiveram e agrediram. Com a ajuda desses vizinhos, Gilson amarrou o assaltante pela cintura e pelos pés em sua carroça e o arrastou pelas ruas por cerca de 300 metros. Quando ele fugia, a multidão o agredia e amarrava novamente. A BM, acionada por um vizinho, chegou meia hora depois e conteve a ação, quando amarravam o criminoso pela terceira vez. Todos foram levados para a delegacia, os itens roubados foram recuperados, o criminoso ficou em atendimento no hospital durante 3 horas e depois seguiu para o Presídio Central. Gilson da Silva foi autuado por não ter permissão para usar a motosserra, que foi apreendida até que ele obtenha a documentação necessária, e o delegado ainda estuda a possibilidade de indiciá-lo por “exercício arbitrário das próprias razões” quanto às agressões ao assaltante. Gilson alega ter ficado nervoso, com raiva, porque trabalhou para ter aqueles utensílios que são seu ganha-pão, e “aí, aparece um sujeito, pega tudo e vende por R$ 10 para comprar droga”, nas suas palavras.
Esse caso, muito polêmico, gerou todo tipo de alteridade. Há aqueles que concordam com a ação do lenhador, identificando-se com a raiva de ver alguém roubar algo que ele trabalhou duro para ter e dizem ainda que, agora, roubam nossas casas e nós que somos indiciados. Há também os que acham absurdo chegar a esse ponto, e há ainda os que, horrorizados com a sociedade de violência e crime em que vivemos, simplesmente não sabem mais o que pensar.
Por um lado, a sociedade está com medo, está insegura. Não há como negar que a raiva de Gilson ao ver o assaltante que tentou roubar utensílios caros que ele trabalhou muito para ter e que fazem seu sustento é compreensível. Para ele, uma pessoa simples, trabalhadora, o ditado “vão-se os anéis, ficam os dedos” não é bem assim. O trabalho é, provavelmente, sua vida. Além disso, todos sabemos que nem sempre os assaltantes que são presos permanecem na prisão por muito tempo. Repito, a sociedade está insegura, e muitas vezes se sente desprotegida. Por outro lado, será que se justifica tamanha violência por parte de Gilson e seus vizinhos? Pessoalmente, compreendo a raiva dele, mas não concordo com as ações que tomou. Acho que nada justifica arrastar um ser humano pelas ruas, e que a violência do povo contra a criminalidade está passando dos limites, entrando para o limiar da criminalidade também. Se todos agora resolverem fazer justiça com as próprias mãos, a sociedade vai virar um caos, um “olho por olho, dente por dente”, e quando nos dermos conta, todos se acharão no direito de fazer o que acharem que devem sempre que se sentirem atacados de alguma forma. Mas repito, esse é um caso muito polêmico e controverso.
E você, o que acha disso? Opiniões serão muito bem vindas.