quinta-feira, 23 de junho de 2011

A importância da presença nos relacionamentos

Eckhart Tolle é um professor espiritual, mas que não está alinhado com nenhuma religião ou seita específica. Seus livros falam muito sobre o grande poder ao qual temos acesso através da capacidade em acessar a frequência consciente da presença, ou em outras palavras, quando nos posicionamos como uma entidade observadora da nossa própria experiência, tanto dos estímulos externos através dos sentidos, como também de estímulos internos como nossos próprios pensamentos, sentimentos e emoções que a todo momento manifestam-se através de nossa mente. Eckhart diz em seus livros e palestras que a recuperação da consciência do Ser e o estado de "percepção dos sentidos" seria o que se chama iluminação, e que a principal dificuldade encontrada pelo ser-humano para vivenciar essa realidade é a identificação com a mente, o que faz com que estajamos sempre pensando em alguma coisa. Em uma frase de seu livro "O poder do agora" ele diz "Ser incapaz de parar de pensar é uma aflição terrível, mas ninguém percebe porque quase todos nós sofremos disso e, então, consideramos uma coisa normal". Essa identificação com a mente faz com que o ser humano crie uma "tela opaca" de conceitos, rótulos, julgamentos que se situa entre você e seu eu interior, entre você e a natureza, e no que realmente nos interessa aqui se situa entre você e o próximo podendo bloquear todas as relações verdadeiras. Quantas vezes já paramos para conversar com uma pessoa, e enquanto ela fala já estamos pensando no que dizer quando ela terminar a próxima frase, ou criando rótulos e julgamentos sobre aquilo que ouvimos? Quantas vezes passamos por uma verdadeira relação de ALTERIDADE, simplesmente oferecendo a atenção de cada célula do nosso corpo às expressões do outro e servindo como um campo de atenção que nos permite conceber o Ser existente além da forma, e que permite ao outro ser quem realmente é?
Muitos relacionamentos amorosos, por exemplo, se constituem como uma maneira de preencher as necessidades do ego, e quando o outro, em determinado momento, começa a agir de um modo que deixa de preencher essas necessidades, vão retornar as sensações de "falta" que estavam encobertas por esse relacionamento até onde ele conseguiu exercer esse papel. A menos que a relação esteja baseada nessa frequência consciente, mais cedo ou mais tarde vai apresentar profundos defeitos, como discussões, conflitos, violência emocional...mas isso infelizmente é visto como normal. Na minha opinião não se pode amar alguém em um momento, e atacá-la no momento seguinte, o verdadeiro amor não tem oposto. Se houver oposto não é amor verdadeiro, mas sim uma grande necessidade do ego de obter um sentido mais profundo e mais completo do eu interior, e usa o outro temporariamente para preencher esse vazio.
Para que as nossas relações façam realmente diferença em nossas vidas, e para que o amor verdadeiro possa florescer, temos que fortalecer a luz da consciência para que ela possa impedir que o pensador do corpo nos domine.

Logo abaixo postei um vídeo para que possam conhecer um pouco sobre esse escritor espiritualista que mudou a forma como busco me relacionar com os outros, ou pelos menos gerou o desejo e a tentativa de aprimorar essa questão.

Postem suas opiniões!! Obrigado pela atenção!

5 comentários:

  1. "(...) simplesmente oferecendo a atenção de cada célula do nosso corpo às expressões do outro e servindo como um campo de atenção que nos permite conceber o Ser existente através da forma, e que permite ao outro ser quem realmente é"

    Eis o tipo de presença que as relações carecem hoje em dia. Todos os níveis de relações. Na minha opinião, quando ocorre esse tipo de relação, quando há empatia entre as partes, quando há uma compreensão do que está sendo dito... Quando as partes de uma relação conseguem voltar a sua atenção ao que está ocorrendo com ambas, aí sim podemos pensar em falar de amor.
    Na maior parte das relações, as pessoas idealizam o outro. Deixam de ver defeitos, ampliam qualidades, distorcem da forma que for conveniente... Elas se apaixonam pelo que os olhos estão vendo. Esquecem que as pessoas vão além do que é visível aos olhos. Na maior parte dos relacionamentos, as pessoas sabem que saíram pra jantar - mas não sabem o que aquilo significou de fato, sabem falar o que comeram... Mas não sabem definir temperos, gostos. Porque elas estavam ali, mas não completamente ali. As pessoas sabem o que é um abraço, o que é cafuné, o que é um sorriso. Sim, sabem. Se jogar no Google, ele pode mostrar o que é cada uma dessas coisas também. Mas sentir o que é cada uma dessas coisas, o que significa cada comportamento numa relação, cada gesto, cada surpresa, cada conversa, aí são outros quinhentos.


    Eu, particularmente, acho que TUDO é feito de relações. TUDO. Nós nos relacionamos com as pessoas na nossa volta, com os objetos, com os olhares das pessoas, com o que elas estão falando, com os gestos, nos relacionamos com tudo... "Nós". Algumas pessoas se relacionam e são presentes na relação, são conscientes nos processos que ocorrem, mas não são todas. Não é fácil, não é simples. Mas não é impossível, não é um dom especial ou bênção divina. E eu acho que é assim que deve ser pras relações serem relações com qualidade, não com superficialidade.

    Uma relação com partes presentes é uma relação forte, que dura. É uma relação transparente, cada um é o que é, ambos crescem juntos, as partes são conscientes da relação que ali existe. E isso vale mais do que o amor eterno até que a morte nos separe (amém).

    Eu podia ficar aqui digitando a minha opinião eternamente de tanta coisa que me vem na cabeça quando eu penso nisso...

    Que texto hein, QUE TEXTO. :)

    Ps: João, tu é presente na nossa relação viu, só pra tu saber. Te amo.

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  2. O verdeiro amor, dentro de qualquer relacionamento, é percebido quando o contato diário e os pensamentos constantes deixam de ser necessários e o simples fato de sabermos que o outro está bem e feliz satisfaz.
    As relações físicas são extremamente importantes, mas, ao meu ver, a ligação entre as pessoas vai além. Além do contato, além dos pensamentos, além da vida.

    Ótimo texto!

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  3. "Na minha opinião não se pode amar alguém em um momento, e atacá-la no momento seguinte, o verdadeiro amor não tem oposto."
    Na minha também... Muito bom! Parabéns!

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  4. Adorei o texto, e adorei poder discutir minha opinião contigo. Aliás, acho que aí está o sucesso das relações, a pequena diferença que transforma o ser apaixonado em doador de amor. Aceitar o parceiro, o parceiro amigo, o parceiro marido, o parceiro filho. Posso dizer do que sei sobre relacionamentos, o sucesso está na generosidade. Sempre procuro resolver tudo com essa palavra, sou generosa quando escuto o meu marido e sou generosa quando, de vez em quando, tenho que entender que ele não esta em um dia muito bom para me escutar como eu gostaria. Depois que tivemos nossa filha tudo ficou ainda melhor, pq a regra é conversar antes de dormir, quando a nossa filha ja esta dormindo. E, acreditem, até a hora de conversar nossas cabeças estão mais tranquilas e, o que podia ser uma briga terrível, se transforma em uma conversa civilizada. Do meu amor de mãe: É amor!!!! Incondicional! Quero que a minha filha seja a melhor pessoa do mundo, aceito ela exatamente como ela é. É um amor diferente de todos os outros, porque ela é o unico ser que eu amo mais do que eu mesmo. Sabe que eu não tenho religião, mas ter filho me deu religiosidade. Me aproximou de uma sensação divina. Será que é Deus? Ou é amor mesmo, o mais puro amor!!!! Talvez aquela frase de caminhoneiro tenha toda razão. Deus é amor!!!! :) Mile

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  5. ‎"Para que as nossas relações façam realmente diferença em nossas vidas, e para que o amor verdadeiro possa florescer, temos que fortalecer a luz da consciência para que ela possa impedir que o pensador do corpo nos domine."

    melhor parte do texto! tá tudo aí em questão de relação.

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